quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Construir é fácil, o problema é gerenciar


Muita gente reclamou por aqui quando escrevi o texto sobre o projeto corintiano de construir um novo estádio. Como disse no texto, esqueçamos qualquer paixão clubística e tentemos utilizar a razão para analisar os fatos.

O Corinthians montou uma análise de viabilidade econômico-financeira. Ou melhor. Uma empresa contratada pela Odebrecht fez esse trabalho. Menos mal. É um primeiro passo para que se saiba em que terreno, literalmente, clube e empresa estarão pisando.

Mas aí é que entra todo o enrosco da história. Construir um estádio é uma operação fácil. Requer alguns milhões de reais (algo que aparentemente representa muito dinheiro, mas que no setor de construção civil não é tão absurdo assim) e um local para a obra ser feita. O problema vem exatamente depois. E, nesse caso, esqueçamos Itaquera, Morumbi, Pacaembu, Oiapoque ou Chuí.

Praticamente não há, no Brasil, profissional capacitado para gerenciar um estádio de futebol moderno. A função de gestor de arenas requer pessoas que saibam como fazer do espaço de um estádio um produto para gerar lucro para seu dono. Entre os 12 projetos de estádios da Copa no Brasil, apenas o de Recife já tem uma empresa contratada para gerenciar a arena pós-Mundial. Os demais ainda acreditam na máxima de que modernizar a praça é suficiente para que o público aumente, assim como a receita no local.

Na Europa, apenas há cinco anos foi criado um órgão para debater a gestão de praças esportivas. O instituto surgiu da necessidade de os clubes gerenciarem estádios cada vez mais bem equipados e atenderem torcedores cada vez mais exigentes. Nesse período, também, foram mais de 50 novos estádios construídos pelo continente, num movimento que segue numa crescente, especialmente na Inglaterra.

O Brasil sequer tem gente capacitada para atender a demanda da gestão das arenas da Copa. Pouco se estuda o tema no país. O Botafogo, atualmente, contratou uma gestora de shopping center para cuidar da gestão do Engenhão. A obrigação é melhorar a qualidade do serviço para o torcedor e gerar mais receita para o clube.

Os projetos da Copa seguem sem pensar em gestão da arena após o Mundial. Parece que o problema está apenas em levantar o estádio, e não em mantê-lo em pé. A manada branca que toma conta hoje da África do Sul, nem dois meses após a Copa está cada vez mais próxima do Brasil...

Editorial Businessfut

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