segunda-feira, 1 de março de 2010

Portsmouth revela o lado ruim do futebol como negócio


Na Inglaterra, o assunto tem dominado o noticiário tanto quanto o confronto entre Terry e Bridge, ocorrido na tarde deste sábado aqui em Londres. A preocupação envolve torcedores, dirigentes e a imprensa esportiva. Afinal, o que será do futebol inglês com a falência do Portsmouth? O que mais intriga os ingleses é que a sua milionária liga de futebol assiste passivamente ao fim de uma equipe, sem ao menos se esforçar para tentar evitar esse triste fim.

Por aqui, a semana foi recheada de notícias sobre o Portsmouth. Jornalista da BBC à frente da sede do clube entrevistando os tristonhos torcedores, perguntando-se como o Pompey, como é carinhosamente chamado o clube, pode chegar a essa situação. Detalhe: a matéria da falência do clube tem sido a primeira nos principais noticiários do país.

Mas o que quase nenhum jornalista britânico discute é que o caso do Portsmouth revela a essência do novo status do futebol inglês. Na essência, a Inglaterra vive hoje algo similar ao que os Estados Unidos assiste em suas ligas. Os clubes de futebol do país são empresas, com donos, que buscam ter lucro com o negócio que pode vir a ser um clube de futebol. Os donos dos clubes objetivam ganhar dinheiro com esse negócio. Mais do que ser campeão, geralmente o que vale é ficar com uma boa grana ao final de um ano.

O erro do Portsmouth foi, exatamente, ter muita ambição há cerca de três anos. O clube investiu o que não tinha, e o time foi campeão da FA Cup, a Copa da Inglaterra, na temporada de 2008. O título, porém, é o que provavelmente vai custar hoje a existência do clube no futuro. Ao investir muito dinheiro em busca do sonho de uma conquista esportiva, o Portsmouth perdeu o fio da meada.

Em outras palavras, deixou de ser uma empresa lucrativa. E isso, na atual conjuntura do futebol inglês, significa a morte do clube, independentemente de ele ter ou não uma torcida.

O futebol-negócio atingiu seu mais alto nível na Inglaterra. Como excelente resultado disso, vemos times cada vez mais competitivos, estádios cada vez mais lotados, espetáculos cada vez mais bonitos. Só que tudo tem o seu lado ruim. E, no caso do Portsmouth, é essa transformação do esporte como negócio que causa pesadelo para seus torcedores.

Quebrado, o clube acaba de ser punido, perder nove pontos na Liga Inglesa e praticamente ser rebaixado para a Segunda Divisão. Com isso, seus donos provavelmente vão desistir desse "negócio". E, aí, restam duas alternativas. Fechar as portas ou encontrar um milionário disposto a investir dinheiro a fundo perdido para, quem sabe, lá na frente colher os lucros de um time que gere dinheiro e, quem sabe, ganhe títulos.
Esse é o lado triste do esporte como negócio. Não importa a história do time (o Portsmouth, por exemplo, foi fundado em 1898). Se ele não for lucrativo, o futuro é o seu fim.

Editoria Business Fut

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