segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Casas de aposta invadem gramados europeus
Quem costuma acompanhar o futebol europeu já deve ter percebido que as camisas de clubes tradicionais, como Real Madrid, da Espanha, e Juventus, da Itália, mantêm marcas desconhecidas no Brasil: as casas de apostas européias. Bwin, no caso ibérico, e BetClic, no caso italiano, são exemplos de uma tendência crescente no mercado de patrocínio das equipes do continente.
Os números são inquestionáveis. Considerando-se apenas os patrocínios máster, aqueles expostos no peito da camisa principal de uma equipe, a Liga Espanhola e a Liga Inglesa já têm 20% dos seus times com o suporte de empresas desse segmento, entre Sevilha, West Ham e o próprio Real Madrid. Na Itália, mais dois clubes entram no grupo: Juventus e Palermo.
Os casos mais recentes são os franceses, que conseguiram apenas recentemente a liberação da publicidade de jogos de azar. No ano passado, por uma diferença de datas no momento de assinatura, o Lyon nem conseguiu divulgar sua parceria com BetClic imediatamente. Nesta temporada, o clube terá a marca em seu uniforme principal e, no reserva, ficará com Everest Poker, do mesmo grupo. No país, o Olimpique de Marseille fechou com a mesma empresa, e o Montpellier assinou com o Net Bet. Os três casos foram estabelecidos apenas após o segundo semestre de 2009, quando publicidade do gênero foi liberada no país.
O BetClic é um site de apostas francês, mas com sede em Malta, criado em 2005. Hoje, é um dos maiores sites de apostas na Europa. A história se repete com o austríaco Bwin, criado em 1997. Com a expansão da Internet, o grupo cresceu e, hoje, possui 20 milhões de clientes. A empresa patrocina uma série de clubes e modalidades esportivas: a empresa tem direito, por exemplo, à transmissão online do Campeonato Espanhol e dá nome à Série B italiana.
As tentativas de expansão, no entanto, podem esbarrar nas legislações locais, nem sempre abertas às modalidades de um jogo de azar. Se na França só se liberou em 2009, em Portugal a lei continua inflexível. A Bwin tentou fechar patrocínio com a Liga Portuguesa, mas esbarrou em uma lei de 1783. No país, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem exclusividade para a exploração de jogos, o que impede o envolvimento da empresa no país.
Outra nação que vetou a entrada de casas de apostas para patrocínio máster foi a Alemanha. Há quatro anos, Bundesliga teve que lidar com o assédio da Bwin no Werder Bremen e Munique 1860. No entanto, as regras da própria Liga impedem que esse tipo de publicidade seja colocado nos gramados alemães. Hoje, Werder Bremen leva a marca de um banco, Targobank, e o Munique uma empresa de software, a Comarch.
Para Oliver Seitz, especialista na indústria do futebol e com longa vivência em Liverpool, a internet é a explicação mais sensata para a indústria de apostas terem crescidos tanto nos últimos anos. Mas o interesse em investir no esporte está na necessidade de mantê-lo forte. “Funciona como as empresas de cerveja, que estão diretamente ligadas ao futebol. Seu consumo depende do futebol, portanto investir nele é investir na manutenção da própria empresa”, afirma Seitz.
Editorial Businessfut
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